De Israel para Petra na Jordânia via fronteira terrestre

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O Tesouro - Petra
O Tesouro (Al Khazneh), primeiro e sem duvidas o mais deslumbrante monumento de Petra, um mausoléu real.

Parece difícil ir até Petra (uma das 7 maravilhas do mundo) fácil não é, porém é um pouco mais simples do que parece.

Alugamos um carro na Budget no centro de Jerusalém (péssimo atendimento e péssimo automóvel, um Hyundai accent automático, mas estava com mais de 100 mil km e bem sujo, porém caros ruins parece ser padrão do local) e partimos por volta das 09:30h da manhã para visitar o deserto de Massada, Mar Morto e dormir em Eilat (ainda em Israel, já na fronteira entre Israel e Jordânia, no extremo sul de Israel) Você vai pegar um pedaço da estrada na Cisjordania, e tranquila, até paramos em uma pequena vila para comprar refrigerante e comer algo.
 
 
O Deserto de Massada é fantástico, pode reservar umas 5h do dia, a história do local é mais interessante ainda, mas deixo isso para um novo Post. Depois, seguimos para Ein Bokek (Mar Morto), é pertinho, menos de 30 minutos do centro de visitantes de Massada. A verdade é que o Mar Morto é interessante por ser diferente, mas não é agradável, o sal da água não te permite afundar, também é impossível ficar mais de 10 minutos naquele sal com um pouco de água, arde tudo, coça, queima, o bom é que existem vários chuveiros e banheiros gratuitos para tirar o sal. Depois de uns 40 minutos, desistimos do Mar Morto e seguimos para Eilat, a ideia era tentar nem pernoitar em Eilat e atravessar a fronteira no mesmo dia, mas chegamos tarde e foi necessário dormir ainda em Israel, não daria para atravessar a fronteira a noite, as 17:30h o termômetro marcava apenas 44 graus (fim do mês de maio).
 
 
Eilat parece uma “pequena Las Vegas”, a cidade é turística, cheia de hotéis de luxo e muitas opções de bares, lojas e restaurantes para os turistas, uma cidade agradável, mas é algo artificial no meio do deserto, construído para manter o extremo sul e a fronteira com a Jordânia e o Egito ocupada. A noite em Eilat foi interessante, muitas lojas, restaurantes, bares, muita gente na rua, típica cidade litorânea com vocação turística e no período que fomos, uma bela noite de muito calor, propicio para uma bebida gelada e caminhar pela cidade.
 
 
Na manhã do dia seguinte, por volta das 08:30h, saímos do hotel e fomos direto para a fronteira, apenas 8 minutos de distância, ao chegarmos foi necessário deixar o carro estacionado e atravessar a pé a fronteira. O estacionamento é aberto e gratuito é totalmente seguro, Israel inteira é absurdamente segura.
 
 
A travessia foi tranquila, paga-se uma taxa para sair por meio terrestre, algo entre 100 e 120 Shekels por pessoa (deve ser pago em moeda israelense), recebe seu cartãozinho de saída e está liberado (Israel não carimba o passaporte nem na entrada, nem na saída, justamente para evitar problemas em futuras viagens aos países Árabes), passa por dentro de um freeshop (onde as coisas são caras) e entra em uma área de uns 50 metros que parece não pertencer a país nenhum, logo chega na entrada da Jordânia por Aqaba.
 
 
 
A nossa entrada foi muito tranquila, os oficiais da fronteira foram extremamente simpáticos, principalmente ao informarmos que éramos brasileiros, é tão simples o processo, nós mesmos preenchemos e carimbamos nossos formulários, passamos pelo próximo guichê, onde é feito um cadastro, fotos e algumas perguntas: quanto tempo iríamos ficar? Se iríamos à Petra? Se a resposta fosse afirmativa, deveríamos pegar um carimbo em Petra para ter um desconto no retorno (não usamos o Jordan Pass). Não se paga nada para entrar (paga para sair). Recebemos nossos carimbos no passaporte (eles carimbam), passamos por um novo freeshop e neste sim, algumas coisas com bons valores, onde pode ser pago com cartão de credito, dólar americano ou Dinar (JOD), se precisarem fazer câmbio para a moeda local, ainda dentro do controle de fronteira, existe uma pequena casa de câmbio, onde é possível trocar Shekels, Euros e Dólares Americanos por Dinares jordanianos, importante, o Dinar vale mais que o dólar, a cotação é superior a Libra do Reino Unido, aconselho a efetuar a troca antes de passar pela fronteira, pelo menos de um valor baixo, pois pode ser preciso usar dinheiro em espécie e ninguém gosta muito de dólar ou moeda de Israel na Jordânia.
 
 
Terminamos de atravessar a fronteira e fomos até um ponto de taxi, havíamos alugado um carro pela Budget, era a única locadora que, teoricamente, entregaria o carro na fronteira, mas descobrimos que não é exatamente assim, os taxistas tem acordo e te levam até a agência de aluguel no centro de Aqaba e lá um funcionário da Budget paga a corrida ao taxista, NÃO PRECISA PAGAR, nós pagamos por inexperiência (15 JOD), mas vimos o funcionário da Budget saindo com dinheiro na mão para entregar ao taxista, quando viu que havíamos pago a corrida, ele guardou o dinheiro. O Táxi foi uma atracão a parte: muito caro, um carro velho, onde o taxista foi fumando e de vidros abertos e sem ar o trajeto todo, só curtindo a temperatura de 39-40 graus.
 
 
O aluguel do carro foi extremamente simples, procedimento normal, com funcionários muito educados e solícitos, falam inglês bem. Nos foi dado um upgrade, de lá já partimos para Petra. Esse ponto é importante, a rodovia 47M (sentido Amã) entre Aqaba e o início da estrada do rei é muito movimentada, basicamente com retas e 3 pistas de cada lado sem pedágios, mas com alguns pontos de controle da polícia local, muitos caminhões (muitos mesmo), pois Aqaba é uma cidade portuária e o tráfego de caminhões é intenso, não vi radares no caminho, o Waze também não nos informou, logo, acredito que não exista. Após 1 hora de viagem, entramos na estrada do Rei, muito bonita, em uma estrada que sobe muito, uma pista para cada lado, sem canteiro central, com muitas curvas, vale o visual, no total foram 1 hora e 50 minutos (125km de distância). Petra fica em Wadi Musa e está em uma região alta (de 1.000 a 1.300m de altitude), durante o dia faz calor  e durante a noite esfria bastante. Evite parar no deserto para tirar fotos, a quantidade de moscas é insuportável, isso em qualquer ponto do deserto, se parar, deixe os vidros do carro fechados, pois eles estão por toda parte só esperando você abrir o vidro para entrarem em grupo no seu carro!
 
 
O Trânsito de Wadi Musa é confuso, sem o Waze é um pouco difícil dirigir dentro da cidade, mas nada impossível, tem trânsito nos horários de pico e se você precisar, tem um posto de combustível na entrada/saída da cidade, aceita cartão de credito visa e mastercard.
 

 

 

 

Chegamos na entrada do parque e ao estacionar (estacionamento gratuito) um taxista nos ofereceu algo que parecia não fazer muito sentido, mas no fim, vimos que era a melhor opção. Na ocasião não aceitamos, a oferta era: comprem o ingresso na bilheteria e levo vocês a outra ponta do parque de Petra e vocês fazem o caminho inverso, será entre 8 e 9km caminhando, mas recusamos, ou seja, teríamos que ir e voltar esse trajeto todo, mas só descobrimos isso já cansados e no fim das energias, portanto, se não chegarem ao parque bem cedo ou se não estiverem com bom preparo físico, faça o trajeto começando pelo fim, sem dúvida é a melhor opção.
 
 
O Parque de Petra possui uma estrutura mediana, alguns restaurantes, banheiros limpos, mapas, várias lojas com souvernirs locais. Algo MUITO importante: leços para cobrir a cabeça (vale a pena compra, custa entre 5 e 20 dólares americanos, no deserto o lenço ter protege do sol e ainda te permite deixa-lo úmido reduzindo a quantidade de poeira que você irá respirar e também reduzir o calor, use o lenço e água mineral para mante-lo sempre úmido, reduzindo o calor e principalmente o ar totalmente seco.
 
 
O ingresso para entrar em Petra é um pouco caro, custa 50 JOD, por pessoa, o By Night um pouco mais barato, tem custo de 17 JOD, pode ser pago nos cartões de credito visa ou mastercard, Elo nem pensar.
 
 
 
Almoçamos na entrada do parque e começamos a caminhada, 30 minutos de caminhada e chegamos ao principal ponto “o Tesouro-Al Khazneh”, lindo, parecia um filme, a coisa mais impressionante que já vi, os detalhes esculpidos na pedra valem horas de admiração, ficamos umas 2h ali, existem tendas que vendem água, refrigerante, chás e alguns salgados, além de lembrancinhas, passeio em burrinho, camelo e charrete. Continuamos nossa caminhada e mais uns 20 minutos chegamos ao anfiteatro, que também é muito interessante, mas passa longe do encanto provocado pelo Tesouro, andamos mais uns quilômetros e passamos por alguns banheiros públicos, tendas vendendo água e souvenirs, em nenhum momento a região fica deserta, sempre terá onde comprar água, refrigerante ou alguma coisa para comer, o parque informar que tem Wi-fi em várias áreas, mas conosco não funcionou.
 
Aqui entra a importância de fazer o cambio da moeda ainda na fronteira, alguns lugares dentro do parque pode ser necessário dinheiro em espécie.
 
 
Ai que bateu o arrependimento, voltar tudo o que já havíamos andado, no deserto, cansado, sujos e com um calor de matar e sem conseguir chegar ao final do parque, fizemos todo o caminho novamente. Porque não ouvimos o taxista?
 
 
 
 
Chegamos novamente ao centro de visitantes, tomamos um meio banho na pia do banheiro, comemos alguma coisa e decidimos não dormir em Petra – Wadi Musa, mesmo tendo comprado o By Night, as pernas não conseguiram andar mais 500m naquele dia (e olha que meu preparo físico não estava ruim), o deserto dificulta a respiração pela poeira e o calor te desidrata em pouco tempo, decidimos que voltaríamos para Aqaba e nos hospedaríamos em um resort chamado Beau Rivage Boutique Hotel, que fica no sul de Eilat, já fora da cidade em uma região de mergulho, quase divisa com a Arábia Saudita, com um clube de praia privado (Berenice Beach Club) no Mar Vermelho/Golfo de Aqaba, foi a melhor decisão que já tomamos na vida, o hotel é FANTÁSTICO (isso em 2019), relativamente barato, ótimos quartos, atendimento impecável. O Berenice Beach Club era tão bom, que ficamos 2 noites no Resort só para curtir o calor de 45 graus no Mar Vermelho e valeu muito a pena, hotel com bom valor, categoria 4*, novo, todos falavam inglês e a educação nota 10, show a noite próximo a piscina e uma café da manhã com grande variedade de itens.
 
 
No Terceiro dia, por volta do meio dia, seguimos para devolver o carro na Budget no centro de Aqaba (que por sinal é uma linda cidade, com vários hotéis 4 e 5 estrelas de redes internacionais, porém sem perder a cultura do local)
 
 
ATENCÃO: a sexta feira é o dia nos países árabes onde nada, absolutamente nada estava aberto, do Resort nem notamos, mas na cidade era difícil até ver alguém na rua, também estávamos no mês do ramadã, o que deve ter piorado um pouco as coisas.
 
 
Devolvemos o carro no sábado, mais uma vez o atendimento perfeito, um dos funcionários da locadora nos levou no mesmo carro até a fronteira, sem cobrar nada por isso.
 
 
Agora um ponto de dúvida, quanto seria a taxa de saída, pelo que pudemos entender era mais ou menos o seguinte:
Ficando na Jordânia apenas 1 dia – entre 50-60 JOD por pessoa, 2 dias – entre 45-40 JOD por pessoa e 3 dias com o carimbo de visitação a Petra pagamos apenas 10 JOD (ficamos 2 noites/3 dias). Não estávamos com nenhuma moeda local, o pagamento só pode ser feito em Dinares (JOD), então fomos até a casa de câmbio ainda dentro da fronteira e fizemos a troca de dólares americanos por Dinares, dei uma nota de 100 dólares, peguei 20 dinares e ainda me foi dado o troco em dólares americanos. Voltamos, pagamos a taxa, recebemos nosso carimbo de saída, estávamos liberados, sem nenhuma burocracia ou qualquer dificuldade, enfim, o povo da Jordânia é receptivo, alegre e ao ver que você é brasileiro, você é tratado como um amigo, muito agradável o tratamento que recebemos por todos na Jordânia, desde os oficiais, até os Nabateus em Petra, todos muito solícitos e sem nenhuma pressão por dinheiro, mas você não pode ficar dando papo para todos, que eles acabam tentando ganhar alguma coisa (isso em Petra). Eles são comerciante e adoram negociar e nos certamente sairemos perdendo nessa negociação.
 
Taxa de retorno, 3 dias na Jordânia com visita a Petra.
 
 
Agora a entrada novamente em Israel pela fronteira de Eilat, essa parte foi um pouco mais complicado, até o controle dos passaportes foi bem fácil, mas ao pegarem meu passaporte e verem que um dos meus sobrenomes era de origem libanesa, tive que passar por uma sabatina de perguntas repetidas e ficar por cerca de 3 horas na fronteira, sendo sabatinado por pessoas diferentes com as mesmas perguntas em uma temperatura de 45 graus, mas depois de muito tempo, falar sobre minha família até meus avós e informar que meu carro estava parado no estacionamento da fronteira alí ao lado e que meu voo sairia de Tel Aviv 2 dias depois, apresentar meu passaporte antigo com varias viagens pela Europa, fomos liberados para a entrada (não há cobrança para entrar, mesma lógica da fronteira da Jordânia).
 
Permissão de saída e permissão de entrada pela fronteira terrestre de Eilat – Israel
 
 
Pegamos o carro, atravessamos o deserto de Negev e em 4h estávamos em Tel Aviv, no meio do Shabat, que por sinal, estava tudo aberto e a cidade muito movimentada, o Shabat em Jerusalém deve ser mais tradicional, mas em Tel Aviv, ao invés de ser um feriado religioso é um dia onde as praias lotam, parece um dia do auge do verão em Ipanema no Rio de Janeiro.
 
 
INFORMAÇÕES
 
      • Brasileiros não precisam de visto para entrada por meio terrestre, fronteiro Eilat x Aqaba na Jordânia, o visto é um formulário preenchido na hora, a taxa é paga apenas na saída e de acordo com o tempo de estadia na Jordânia;
      • Quem vai visitar Petra, não esqueça de pedir o carimbo no centro de visitantes, tem um desconto ao retornar pela mesma fronteira;
      • Se pretende ficar mais dias e visitar o Mar Morto, Wadi Run e outras atrações, pode ser vantajoso adquirir o Jordan Pass é um tipo de visto prévio, com desconto para algumas atrações;
      • A Embaixada da Jordânia no Brasil desconhece os procedimentos, ao fazer contato prévio me informaram que era necessário visto  e que custaria bem mais caro fazendo pela embaixada em São Paulo;
      • Para aluguel de carro é obrigatório o PID (permissão internacional para dirigir), porém não me foi solicitado e quando ofereci, não quiseram nem olhar o documento;
      • Quase todos os estabelecimentos aceitam cartões nas bandeiras visa e mastercard, eles chamam todos os cartões de credito como “visa”;
      • Ao contrário de outros países Árabes, os valores estão nas mercadorias, não existe aquele costume de negociar, é possivel até pechinchar, mas você já chega sabendo o valor máximo que irá pagar;
      • Não é exigido nenhum tipo de vacina (isso em maio de 2019);
      • Mulheres: em Petra/Wadi Musa, a cultura árabe não é tão forte, é possivel sair com roupas ocidentais. Em Aqaba é preciso se vestir de forma mais conservadora, pois a cultura local é bem valorizada, apesar da cidade ser segura, andar de roupa curta vai atrair olhares desagradáveis;
      • Em Aqaba o dólar americano não é bem aceito, faça o cambio para o Dinar (JOD);
      • Não existe Uber ou qualquer aplicativo, use táxi e receptivos locais e combine antes o preço da corrida;
      • Se forem ao Deserto Wadi Run, hospede-se em Aqaba, é bem mais próximo que ficar hopedados em Petra/Wasi Musa, estão abrindo varios alojamentos dentro do deserto também.
      • O Inglês é o segundo idioma e praticamente todos falam um pouco, é possível encontrar alguns que falam espanhol, já o português é quase impossível;
      • Se gosta de mergulho, não perca a oportunidade de mergulhar no Mar Vermelho/Golfo de Aqaba, foi a água mais cristalina que já vi e a quantidade de corais é impressionante, existem várias empresas de mergulho na região, apenas cuidado com as águas vivas, tem muitas.
      • Evite o verão, a temperatura é INSUPORTÁVEL, podendo passar facilmente dos 50 graus no início da tarde;
      • Repelentes comprados no Brasil não tem nenhuma ação com as moscas do deserto e os mosquitos do Mar Vermelho;
      • Não é permitido beber bebidas alcoólicas em público em Aqaba, exceto dentro dos resorts e beach clubs com cultura ocidental;
      • No Ramadã, os moradores locais passam o dia em jejum e só comem quando o sol se põe, ao entardecer é comum te pararem nos sinais e até nas rodovias para entregarem tâmaras e água mineral, não recuse, quase todos estão em jejum, faz parte da cultura local;
      • Às quintas feiras é uma explosão de restaurantes, músicas locais e pessoas andando nas ruas, é como se fosse nosso sábado;
      • Sempre que possível, se apresente informando que é brasileiro, o tratamento será o melhor possível, eles adoram o futebol brasileiro.
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Até a próxima!